sábado, 7 de julho de 2007

Este blog é um trabalho da matéria de Teoria e História da Aquitetura e Urbanismo II, do curso de Arquitetura e Urbanismo da UFES, lecionada pela professora Clara Luiza Miranda. Na primeira etapa abordo a evolução da paisagem ao longo da história. Começando na pintura rupestre, primeira intervenção humana na paisagem até a atualidade onde o espaço já está completamente ocupado, e agora o homem se expande criando novas áreas urbanas no mar e no deserto, projetando o “espaço natural” onde situará suas cidades. A segunda parte apresenta as pretenções futurísticas dos pós-modernos archigram e os metabolistas. Grupos que procuravam solucões para a arquitetura e urbanismo no uso da tecnologia.

regeneração, crescimento, tranformação

Figura 16: Nakagin Capsule Tower, em Tóquio - Kisho Kurokawa



Figura 17: Plano para a Baía de Tóquio - Kenzo Tange e Equipe Metabolista


No plano de formação das cidades industriais modernas, a verticalização tornou-se um parâmetro fundamental devido à densificação das cidades. Essa solução tornou-se ideal, não somente por sua capacidade de poupar o uso do solo, mas principalmente por possibilitar a criação de áreas verdes e, ao mesmo tempo, permitir um desenho urbano funcional, setorizado e integrado.
Nos anos sessenta e setenta, ainda que pertencentes a uma geração que contestava grande parte das “doutrinas” ideológicas e formais do Modernismo, um grande número de arquitetos retomou a questão das unidades habitacionais coletivas verticalizadas e aliou a isso o uso da tecnologia, desenvolvendo novos sistemas urbanos e tipológicos que procuravam estabelecer modelos sem precedentes na história da arquitetura.
Um grupo importante que podemos citar como exemplo são os Metabolistas. Desenvolveram grandes estruturas tecnológicas que sustentariam unidades independentes permitindo transformações, ampliações e adaptações variáveis em relação às eventuais necessidades programáticas. Projetos de cidades lineares na costa, estruturas flutuantes sobre o mar e edifícios orgânicos que cresceriam indefinidamente foram algumas das respostas à falta de espaço das grandes metrópoles.

tradição e tecnologia

Figura 18: Cachos no ar - Arata Isozaki

“Quase toda a obra metabolista japonesa, de que esta é uma parte (Municipalidade de Karashiki – Kenzo Tange), tem esta curiosa mistura do radicalmente novo e do radicalmente velho ao mesmo tempo.” (Jencks)

Um discurso forte do Modernismo era o universalismo. Pregava-se que a cidade deveria corresponder ao homem universal, e condenava-se qualquer tipo de regionalismo ou historicismo na arquitetura. Os metabolistas não abandonaram seus traços regionais por completo. A tradição poderia ser um ponto de partida, podendo ser desenvolvida ao se enfrentar os seus erros, usando-a assim como catalisador de novas idéias. Isso pode ser observado em obras como o sistema urbano “cachos no ar” de Arata Isozaki. Baseia-se na construção do tradicional pagode, onde um poste central apóia suportes em balanço que sustentam o telhado. Em oposição ao historicismo, as formas só fazem lembrar o seu uso prévio depois de vistas a funcionar no seu contexto atual.

archigram

FIGURA 19: Magazine Archigram 1
FIGURA 20: Plug-in city


Outro grupo que se destaca neste contexto da idealização “utópica” na concepção de cidades da década de 60 foi o Archigram. O grupo desenvolveu projetos, como o "Plug-in-City" (1964) e o "Walking Cities" (1964), que se baseiam na formação de megaestruturas pensadas para suportar unidades habitacionais e todos os equipamentos, funções e necessidades de uma cidade. Diferente da “Unidade de Habitação” modernista, seus projetos não demonstravam uma preocupação social, buscavam especular criticamente questões espaciais em função das perspectivas apresentadas pelas emergentes possibilidades da ciência tecnológica, além de trazer para o terreno da arquitetura a cultura do consumo apontando para a arquitetura descartável, padrão que caracteriza os produtos de uma cultura industrial.
As unidades habitacionais pré-fabricadas e totalmente ergonômicas e eficazes no seu funcionamento buscavam um ajuste perfeito entre espaço e corpo além do nomadismo dos edifícios. É abolida a definição da arquitetura como um ambiente fixo para os corpos em movimento. O movimento aqui passa a ser também a da modificação do espaço e do corpo, mesmo que os corpos estejam parados.

e o que vem depois?

A tecnologia está transformando as nossas cidades, a nossa arquitetura e o modo das pessoas se relacionarem. À medida que o mundo está ficando cada vez mais urbanizado, computadores de última geração e sistemas telemáticos digitais vão penetrando em todas as áreas da vida urbana.
O acesso a essa nova rede de relações sociais proporcionada pela tecnologia não é democrático. As classes mais baixas impossibilitadas de adquirir o equipamento de acesso à rede, sofrem dificuldades em participar das trocas de informações que acontecem no mundo virtual. Essa ligação entre diversas partes do mundo não integram verdadeiramente todos os espaços reais.
Essa fuga das classes médias e altas para o mundo virtual, causada provavelmente pelo medo da violência ou apenas para ter contato com grupos com interesses mais semelhantes aos seus, muda o caráter das relações humanas, fazendo com que surja um novo espaço para elas se “encontrarem”.
Será o fim das cidades? Cidades virtuais devem servir como suporte não como substituto dos espaços públicos urbanos.
A tecnologia usada nos modelos dos Archigram e dos metabolistas representava o futuro almejado pelos grupos. Edificações reduzidas e móveis para otimizar o espaço público. Agora a tecnologia tende a recriar esses espaços virtualmente.
O desafia para os planejadores e legisladores é a construção de cidades virtuais consistentes, acessíveis e localizadas, que completem as cidades reais, re-conectando os diversos fragmentos dos elementos de uma cidade.